domingo, 21 de fevereiro de 2016

Até já... SanJo-te muito!

Enfim...

Como começar uma despedida?

Não tenho jeito para isso. Sempre detestei despedidas, mas devo fazê-lo, porque acho que mereces.
Sabes... o que mais me levou a fazer isto não foi o ter-te perdido, mas sim não ter sabido manter-te.
Fizemos tantos planos, lembraste?
Lamento imenso que poucos se tivessem concretizado e tenho a noção que não terei feito o suficiente para que tivéssemos uma vida melhor.
Ter vindo para a Inglaterra foi uma tentativa de reparar as coisas. De certo modo acho que foi uma boa ideia, pois sinto um orgulho imenso ao ver-te alcançar o merecido reconhecimento e sucesso profissionais.
Tu tens ainda uma vida imensa pela frente. Acredita em ti, pois tens um potencial enorme.
Gostava de te ter amado de forma diferente. Mais serena, mais conciliadora, menos temperamental.
Como ninguém tu conheces-me. Sabes da minha capacidade imensa para amar e dedicar-me a alguém. Sabes, porque sentiste na pele isso.
Não há solução para o meu mal estar. É coisa que já vem de há muito tempo atrás, muito antes de te conhecer. Vivo amaldiçoado por fantasmas que me perseguem desde que me conheço. Chegou a altura de me ver livre deles.
Tu foste o grande amor da minha vida e tu sabes bem porquê.
Nunca vivi situações extremas como as que vivi contigo. Partilhámos em tão pouco tempo tantos bons e maus momentos. A nossa vida como casal foi intensamente vivida e experienciei maravilhosas sensações contigo ao meu lado. Apesar do lado negativo que existiu, foram muito bons estes últimos 3 anos e meio.
Tenho pena que tenhas perdido o sorriso. Sempre foi uma preocupação minha que isso não acontecesse. Infelizmente não consegui evitar que isso se tornasse uma realidade. Sinto-me muito triste e abalado com isso. É um dos motivos que me leva também a este acto. O sentimento de culpa por não ter conseguido preservar o teu sorriso é enorme. Isso e o facto de não ter conseguido manter pontes diálogo contigo. Logo eu que adoro conversar, acabei por não o fazer com quem mais importava.


Bem... chegou a hora de me despedir em definitivo de ti.
Como era meu habito vai ser com um "até já" e com um beijo, com um beijo do teu João!
Por fim quero resumir naquela palavra que criámos para descrever o que sentimos um pelo outro, aquilo que espero que nunca te esqueças, ou seja... que...


SanJo-te muito!!!

terça-feira, 23 de abril de 2013

Um bebé curioso!




Era uma tarde soalheira e com uma temperatura bem agradável, que convidava a um passeio na praia. Apesar de ainda estarmos em Abril a Lagoa de Albufeira já tinha um razoável número de pessoas a aproveitar aquele solinho tão prazeroso.

Metade da “população” andava na água, umas 150 pessoas que não procuravam o banho mas sim outra coisa. Pelos seus gestos tão familiares percebi que este ano a lagoa estava fértil em bivalves. Dentro de água, tacteando a areia, iam recolhendo o berbigão com uma facilidade incrível. Só assim se justificava o enorme saco de rede que vi passar perto de mim e que calculei, pela dificuldade demonstrada pelo homem de meia-idade que o transportava às costas, ter pelo menos 20 kilos.

Tinha montado o meu “barraco” fazia mais ou menos uma hora. Lá não faltava o meu indispensável chapéu de sol, a toalhinha de praia e a mochila, onde trazia alguma coisa para beber e uma sandes de presunto para “matar o bicho”.

Ainda me senti tentado a juntar-me aos “mariscadores” de fim-de-semana, mas deixei-me estar na toalha apenas a contemplar aquele quadro, onde famílias inteiras, entusiasticamente, recolhiam uma grande parte da riqueza que este ano a Lagoa tinha tão generosamente disponibilizado.

- Hoje não, que não tenho quem me olhe pelas coisas – pensei eu, tentando me conformar com a ideia.

Não muito longe de onde eu estava… talvez a uns 20 metros… estavam duas senhoras na casa dos trinta e poucos anos acompanhadas de um bebé, que parecia querer, pela arte de bem gatinhar, percorrer todo o vasto areal.

Nas suas mais audazes incursões, afastava-se uns 5 metros da mãe e amiga (ou familiar pois não consegui perceber ao certo que laço havia entre as duas), parava por uns instantes… olhava para as duas e retornava “a casa”, num gatinhar bastante coordenado e revelador de uma enorme experiência e traquejo.

Quedei-me a observar o petiz por vários minutos.

Com uma lógica que só ele podia explicar, foi fazendo os seus passeios pela areia, variando sempre na direcção, como que se estivesse a preparar para se aventurar mais além dos seus confortáveis cinco habituais metros.

Num dos seus regressos ao ninho materno pude verificar que já se conseguia empinar sozinho, trepando nas costas da mãe, que estava entretida a falar com a sua companhia feminina.

Foi nessa altura, que senti aqueles olhos claros a olhar na minha direcção.

No meio de uns “dáh dáh”, que percebi serem-me dirigidos, assim ficou naquela posição erecta durante dois ou três minutos.

Eu, babando pela atenção demonstrada, acenei-lhe e armei o meu mais ternurento sorriso.

Surpreendido com o meu aceno, fixou intensamente o seu olhar no meu gesto e ali permaneceu imóvel.

Foi então que substitui o aceno por um gesto de mão a convidá-lo a juntar-se a mim e ele, com um querer incrível, inicia o seu gatinhar na minha direcção.

Franzi o sobreolho e o sorriso alargou-se. O sacana do miúdo, em “passo” lesto, aproximava-se rapidamente do meu poiso, isto tudo sem tirar os olhos de mim e sem olhar para trás na direcção da mãe, que a meio da viagem tinha deixado de conversar com a amiga, para exclamar de forma bem audível e entusiasmada – olha, olha… o Rafael vai na direcção daquele senhor!

 A dois metros da minha toalha o Rafael parou.

Mantendo a mesma posição (de gatas), ficou uma vez mais a olhar fixamente para mim.

Não pude resistir e num gesto de desafio coloquei-me na toalha também de gatas e não tirei os olhos dos olhos dele.

Após dez segundos e um sorriso de encher a alma de qualquer mortal, fez o percurso que lhe restava até chegar a poucos centímetros da minha cara.

Foi então que eu, lentamente, aproximei a minha cabeça da dele até ficar a escassos centímetros… e ele… num movimento que certamente não lhe era desconhecido, dá-me uma senhora “turra”, que me surpreendeu por não estar nada à espera daquela reacção.

Na toalha da mãe estavam agora duas espectadoras, que gargalhavam e riam com a presença de espirito do Rafael. E eu, ainda a refazer-me da surpresa, engendrava uma maneira de me “vingar” daquele “cobarde” ataque.

Voltei a aproximar a cabeça… e recebi igual tratamento, mas desta vez, por já estar à espera, agarrei-me à cabeça e simulei uma dor imensa acompanhada de uns tímidos “ais”.

Embora surpreso ao início o Rafael rapidamente entendeu a brincadeira e num riso crescente, foi repetindo o gesto vezes sem conta, evidenciando que eu o tinha conquistado.

Ficamos “amigos” logo ali e quando a brincadeira começou a ficar gasta, sentou-se junto a mim e recomeçou o “namoro” com os olhos.

- Queres comer? – lembrei-me eu de perguntar, sem me recordar que somente tinha uma sandes de presunto na mochila.

Visivelmente atrapalhado com o meu esquecimento, tentei desviar a sua atenção da minha mochila, mas infelizmente sem muito sucesso.

Agora aqueles lindos olhos cobravam-me a bolacha ou o biscoito, que dei a entender ter para lhe dar.

- Tou tramado… como me vou sair desta agora? – pensei eu olhando na direcção da mãe, que percebendo o meu “pânico” se apressou a chamar o Rafael para junto dela.

Mas o puto não queria sair dali… e agora?

Bem, não tinha outra solução e antes que o riso desse lugar ao choro, coloquei-me de pé e segurando nas suas mãos fui ensaiando uns passos na direcção da mãe, o que ele fez de maneira muito competente, demonstrando que as suas pernitas já tinham a firmeza suficiente para outros passeios, para além daquele que o trouxe até mim.

Só bem perto do local onde estava a mãe é que vi estampado no seu rosto uma enorme expressão de admiração. Pelos vistos o Rafael nunca tinha feito aquilo.

Bem, nem imaginam como fiquei inchado. Sem querer tinha colocado o miúdo, embora com o meu apoio, a dar os primeiros passos. Mentalmente exclamei um saboroso “que fixe pá!”.

Passei o testemunho… e recebi da senhora um entusiástico “obrigado… obrigado!”.

A mãe aproveitando a minha deixa e querendo reivindicar também algum mérito, continuou a testar o Rafael durante mais uns largos segundos, até que ele, achando que já era exercício a mais, se sentou finalmente junto da toalha da mãe e recomeçou a olhar-me com os seus fascinantes olhos.

Informei a mãe de que ele devia de ter fome e tentei desculpar-me da melhor maneira possível, por não lhe ter dado nada, visto não ter comigo nada “comestível” para a sua tenra idade.

A senhora mostrou-se compreensiva e esforçou-se por me sossegar, dizendo-me que dentro de 15 minutos iria lhe dar um iogurte e duas bolachas.

Achando-me já a mais naquele contexto familiar, inclinei-me para beijar a testa do Rafael e despedi-me da mãe e da outra senhora.

No regresso à minha toalha ainda me virei por duas vezes para ver o que o puto estava a fazer e das duas vezes reparei que continuava com o olhar fixo em mim, mas agora já com uma expressão a roçar o choro e de partir o coração.

A mãe para o distrair resolveu antecipar o iogurte, o que veio a revelar-se o suficiente para que ele rapidamente procura-se outras paragens, buscando novas aventuras com o seu incessante gatinhar.

Mais aliviado e desculpando por completo a sua “traição”, veio-me à memoria o meu filho Daniel, que quando tinha a mesma idade procedia de maneira semelhante, mas com uma pequena diferença, ele só se deslocava para toalha alheia quando via alguém a comer algo, uma bolacha de preferência e depois colocava aquele olhar completamente irresistível, do género “Gato das Botas do Shrek”  e com isso conseguia a almejada bolacha, fazendo com que eu e a mãe nos desdobrássemos em incontáveis agradecimentos e pedidos de desculpa por tal “leviano” comportamento.

A tarde chegava ao fim e pela posição do sol atrevi-me a adivinhar que já passava das 19 horas, o que comprovei depois de consultar o telemóvel. Eram exactamente 19:12 quando resolvi começar a recolher as minhas coisas.

O Rafael parecia estar bem, tinha acabado de vir da água e vinha embrulhado numa toalha de praia.

Vendo a mãe a olhar na minha direcção aproveitei o momento para num aceno me despedir deles. A mãe retribuiu o gesto e pegou no bracito do miúdo para que ele fizesse o mesmo.

No caminho para o carro ainda olhei mais uma vez na sua direcção e ai sim, sem verbalizar, despedi-me do puto – Adeus Rafael… ou quem sabe, até um dia destes!



Johnny Sunshine, 22 de Abril de 2013


sexta-feira, 19 de abril de 2013

Quem foi Martin Richard?


O Martin Richard era uma criança igual a tantas outras, que gostava de brincar e rir como as demais crianças da sua idade.
Com os seus 8 anos, saiu de casa num belo dia de sol com a família, para ir ver o pai correr a maratona de Boston.
Após mais de 4 horas de uma ansiosa espera abraçou efusivamente o pai, quando este tinha acabado de cruzar a linha de meta.
Foi a última coisa que fez em vida, pois ao regressar para junto da mãe e irmã, os três acabariam por ser apanhados pelos estilhaços de uma das duas bombas que colocaram perto da meta.
O Martin teve morte imediata… a irmã ficou com uma perna amputada e bastante ferida, assim como a mãe.
O Martin era uma criança igual a tantas outras, que considerava o pai um herói e que tinha por ele um amor imenso… um orgulho interminável.
O Martin correu para abraçar o pai. Se esse abraço tivesse durado mais 30 segundos, provavelmente, ainda estaria vivo.

O Pai do Martin certamente que gostaria de ter abraçado por mais 30 segundos o seu querido filho, mas infelizmente não o fez, agora chora a sua morte e aquilo que ficou por realizar.
Chora a enorme injustiça e tirania, de lhe terem tirado o seu menino da forma tão vil e cobarde.
Não consegue compreender o porquê de ter perdido o filho. Não percebe que alto desígnio poderá justificar essa crueldade.

Ele não percebe…
eu não percebo…
nós não percebemos!

A vida é o nosso mais sagrado bem!

Desde que nascemos que “lutamos” para prolongar ao máximo a nossa vida. “Lutamos” para ter mais tempo e foi isso que roubaram ao Martin. O tempo que ele precisava para continuar a idolatrar o pai… para se tornar num adulto, para se apaixonar, casar, ter filhos, ser avô. O tempo para realizar sonhos, para amar, para ser feliz e para no final de uma longa vida olhar para trás e dizer… “valeu a pena!”.

O espaço de tempo que vai desde o dia em que nascemos até ao dia em que morremos deve de ser aproveitado ao máximo, pois nunca saberemos quando daremos o nosso último abraço a quem mais amamos.


Obrigado pelo tempo que perderam ao ler este texto.

Um abraço para todos.

Johnny Sunshine

segunda-feira, 16 de abril de 2012

O prazer de estar vivo!

   A vida é um mar de incertezas... não sabemos quando iremos ter momentos de dor... quando vamos perder quem mais amamos... quando teremos a nossa próxima derrota, desilusão, frustração. No entanto continuamos a lutar diariamente, para poder vivenciar tudo o resto que nos está reservado... como por exemplo... a alegria do nascimento de um filho... o acompanhar da sua evolução desde bebé totalmente dependente dos nossos cuidados, até adulto com personalidade bem definida e rumo próprio.

   Vivemos amores e paixões... por pessoas, lugares, artes, desportos e tantas coisas mais... e no fim... após o somatório de tudo... das coisas boas e das coisas más... temos uma história para contar... A NOSSA HISTÓRIA... aquela que pode ser insignificante para muitos... mas que certamente tocou a vida de alguns... e que no fundo é a prova da nossa existência e da nossa passagem por este mundo!

   Sou um ser insignificante, que consciente da sua pequenês, apenas pretende com este Blog partilhar convosco pensamentos, memorias, estados de espírito e experiências pessoais.

   Comentem, opinem e colaborem... para que este espaço não seja só meu, mas vosso também!

   Obrigado e um abraço para todos!

Johnny Sunshine